Empréstimo consignado CLT: regras, juros e quem pode contratar

O Programa Crédito do Trabalhador foi criado para facilitar o acesso ao crédito para quem trabalha com carteira assinada no setor privado. Antes, esse tipo de crédito consignado era restrito a servidores públicos e aposentados do INSS. Agora, com a integração ao eSocial, o processo ficou mais ágil e transparente, além de ampliar a concorrência entre os bancos.

Como funciona

A contratação do consignado CLT acontece apenas pela Carteira de Trabalho Digital, via aplicativo ou site. Após a autorização no eSocial, os bancos têm até 24 horas para apresentar propostas de crédito. Esse modelo garante mais segurança e agilidade, já que os dados são cruzados diretamente pelos sistemas.

A margem consignável é de até 35% da remuneração líquida do trabalhador, o que inclui salário fixo, comissões e abonos. O desconto é feito direto na folha de pagamento. Como garantia, o trabalhador pode optar por vincular parte do FGTS, seja 10% do saldo ou até 100% da multa rescisória, que equivale a 40% do saldo, caso seja demitido sem justa causa.

Público elegível

Esse novo formato de crédito abrange todos os trabalhadores celetistas. Estão incluídos empregados do setor privado, domésticos, trabalhadores rurais e até aqueles contratados por microempreendedores individuais. A proposta visa democratizar o crédito com menores taxas e mais segurança para quem contrata e para os bancos.

Taxas de juros

As taxas são mais vantajosas em relação ao crédito pessoal comum. A Caixa, por exemplo, oferece a partir de 1,60% ao mês. Bancos privados podem cobrar até 5% ao mês, e o CET pode chegar a 6%. Segundo o Banco Central, a média das taxas em fevereiro de 2025 foi de 2,91% ao mês, abaixo dos 3% desde 2022. Essa nova linha de crédito pode até influenciar a Selic, já que estimula o consumo e o volume de crédito disponível na economia.

Dúvidas frequentes

Muitos se perguntam se é possível adiar o início dos pagamentos. Não é. Não há carência, e o desconto começa já no mês seguinte. Se o trabalhador for demitido, as parcelas restantes podem ser abatidas das verbas rescisórias, dentro do limite da garantia vinculada. O que sobrar fica suspenso até nova contratação com carteira assinada.

Outra dúvida comum envolve o limite de juros. Ao contrário do consignado do INSS, que tem teto definido, o consignado CLT não possui um limite legal. Cabe ao banco estabelecer a taxa conforme a análise de crédito e as garantias oferecidas.

Mesmo com as facilidades, é fundamental atenção. O Procon-SP alerta para o risco de propostas com promessas de carência ou cobranças indevidas. Sempre verifique o Custo Efetivo Total (CET) antes de assinar qualquer contrato.

Números e projeções

Em apenas duas semanas de funcionamento, mais de R$ 340 milhões foram contratados por aproximadamente 48 mil trabalhadores. A média dos contratos foi de R$ 7 mil, com prazo de 21 meses. Mais de 64 milhões de simulações já foram feitas, e cerca de 8,7 milhões de pedidos de crédito foram registrados. A Febraban estima que o volume de contratações possa ultrapassar R$ 120 bilhões ao longo de 2025, atingindo até 19 milhões de trabalhadores elegíveis.

Conclusão

O consignado CLT representa um avanço importante no acesso ao crédito para trabalhadores do setor privado. Com juros mais baixos e regras mais claras, essa nova modalidade pode ser uma aliada na reorganização das finanças. No entanto, como todo compromisso financeiro, exige atenção. É essencial analisar o Custo Efetivo Total (CET), comparar diferentes propostas bancárias e compreender bem o impacto de utilizar o FGTS como garantia. Quando usado com responsabilidade e planejamento, esse crédito pode contribuir para resolver dívidas, fazer investimentos pessoais ou até enfrentar emergências sem comprometer o orçamento.

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